Alimentação Consciente

Integrando corpo e mente com alimentação consciente.

Alimentação Consciente

Você não pode viver uma vida saudável, na nossa complexa sociedade, sem prestar o mínimo de atenção no que você esta colocando para dentro do seu corpo. Nossa relação com a alimentação tem mudado muito nas últimas gerações e ainda estamos desenvolvendo uma nova forma de relação com alimento que ingerimos,  onde será cada vez mais necessário classificar o que tem valor ou não e fazer escolhas diante do que nos é oferecido.

Gastamos energia e nos esforçamos para comprar alimento, prepará-lo, serví-lo, preparar o ambiente, arrumar depois etc... todas estas atividades envolvem comportamentos e escolhas as quais podemos  prestar atenção.

Estar atento à qualidade do alimento, como ele cresceu, onde foi produzido.  Prestar atenção na quantidade que você come, em quais horários, e depois como você se sente após a alimentar-se.

Também você pode prestar atenção em como se sente pós ingerir certos alimentos ou certa quantidade de alimento, perceber como se sente quando come muito rápido ou quando come devagar. Trazer atenção para seus desejos em relação a um tipo particular de alimento, como também prestar atenção aqueles alimentos a quais você não tem nenhum desejo, e também como são os hábitos de alimentação de sua família. Todas estes aspectos relacionados a alimentação acabam sendo observados quando trazemos mindfulness  para o domínio da alimentação.

Mudar hábitos para algumas pessoas pode ser algo muito difícil e com relação a dieta não é diferente. Comer tem uma carga emocional, social e cultural. Nossa alimentação tem sido condicionada e reforçada o tempo todo. Como pode ter diferentes significados para nós. Nós temos uma associação emocional com tipos particulares de alimento, ou comer uma quantidade de alimento, comer em lugares específicos, com pessoas em particular. Estas associações com o alimento podem ser parte do nosso senso de identidade e bem-estar.  Estas associações emocionais podem fazer com que as mudanças na dieta sejam mais difíceis de serem feitas. Talvez o primeiro passo não seja exatamente fazer mudanças na dieta, mas prestar atenção no que você esta comendo e como isto afeta você. Tentar observar coFmo é a aparência do alimento que você ingere e como é o seu paladar enquanto esta comendo. Olhar para o que esta em seu prato. Qual é a textura do alimento, olhar as cores dos alimentos, o formato. Qual é o cheiro? Como você se sente enquanto olha para o seu alimento? Como é o gosto? Traz prazer ou não? Como você se sente após comer? Era este alimento que você queria?  Como você se sente após uma hora ou duas horas? Como é o seu nível de energia após comer? Você fica com mais energia ou se sente mais fraco cansado?  O que você pensa sobre o que você ingeriu?  Quando começam a observar a alimentação, algumas pessoas podem perceber  que alguns  alimentos estão fora do seu  hábito  e na verdade não desejariam comê-los.  

Outros percebem que alguns alimentos causam indigestão e fadiga, e antes não tinham observado estes aspectos, ainda outros comentam que tem mais prazer em comer por causa da consciência que desenvolveram sobre a alimentação.

Muitas pessoas fazem grandes mudanças em suas dietas antes mesmo de questioná-la em detalhes. Estas mudanças vêm a partir da prática informal de mindfulness que se estende também para a alimentação.  Comer mais devagar, se encontrar satisfeito com menos quantidade de comida e estar mais consciente sobre os impulsos de comer em excesso para satisfazer necessidades psicológicas. Assim algumas pessoas na verdade acabam  perdendo peso durante o programa de oito semanas de mindfulness simplesmente prestando atenção na alimentação sem conscientemente estar tentando perder peso.

Estamos sempre falando sobre a relação da alimentação com a saúde, informando os pacientes para que eles tomem decisões sobre suas dietas. Estimulamos a prestar atenção ao domino da alimentação ao invés de estar no piloto automático.

Iniciar mudanças na alimentação pode não ser tarefa fácil sem um suporte externo especializado. É necessário gerenciar com inteligência a mudança, respeitar hábitos arraigados e ficar atento para não realizar  mudanças radicais. Para mudar é necessário estar bem claro a intenção da mudança, o porque é importante mudar, e ficar sempre relembrando isto até porque irá se deparar com impulsos, oportunidades e frustrações, até adquirir a confiança necessária para sustentar a mudança.

Muitas pessoas utilizam a alimentação para reduzir o estresse. Quando esta ansioso, come. Quando esta sozinho come, quando esta triste come. Quando esta feliz come etc... este é o comer automático. Normalmente fazemos isto não para nutrir o corpo, mas para nos sentir melhor emocionalmente. Estar com consciência a cada momento nos alimentos e na sua alimentação é crucial para desligar o comer automático e começar a trazer mudanças positivas. No mesmo caminho que mindfulness pode exercer influência positiva  sobre a nossa relação com a dor, o medo, o tempo e pessoas, também pode ser usado para transformar a nossa relação com a alimentação. Em resumo, prestar atenção na maneira como você se relaciona com a alimentação é importante para a sua saúde. Escutar o seu corpo e observar a atividade da sua mente em relação a alimentação pode ajudar você fazer e manter mudanças em sua dieta. 

Com a prática de mindfulness você naturalmente perceberá mais sobre os alimentos e como eles o afetam. Você naturalmente ficará mais atento aos seus desejos e anseios por alimentos e será capaz de percebê-los mais prontamente como pensamentos e sentimentos para deixá-los ir antes de agir a partir deles. 

Quando estamos no piloto automático, tendemos a agir, neste caso comer, não estamos conscientes do que estamos fazendo. Mindfulness enquanto comemos, é estar consciente do que comemos, como é o gosto, de onde vem o alimento, quais as suas propriedades, e como nos sentimos após ter ingerido o alimento, se mindfulness é praticado consistentemente, pode levar a mudanças que acontecem de uma forma natural.

Sugestão de mindfulness na alimentação.

1) Comece trazendo atenção para o todo de sua vida, como você já tem feito com o seu corpo e sua mente.

2) Tente comer com atenção e em silêncio. Faça movimentos lentos o suficiente para que você possa assistir o processo todo cuidadosamente. Desligue o celular enquanto esta comendo.

3) Observe a cor e a textura do seu alimento. Contemple o alimento a partir de onde ele foi produzido e como foi produzido. É sintético ou não? Ele veio de uma fábrica? Você pode perceber todos os esforços na produção deste alimento, quantas pessoas  estão envolvidas em sua produção? Você pode ver como ele estava conectado a natureza? Você pode ver os elementos sol e a chuva nas frutas, vegetais e grãos? 

4) Pergunte a si mesmo, antes de comer,  se você quer este alimento em seu corpo? Quanto dele você pode comer? Escute o seu corpo enquanto esta comendo. Você pode perceber quando já comeu o suficiente? O que você faz a partir deste ponto? Quais os impulsos você percebe em sua mente?

5) Fique consciente sobre como seu corpo se sente horas após ter comido. Você se sente pesado ou leve? Você se sente cansado ou com energia? Como é a digestão? 

6) Quando estiver comprando os seus alimentos procure ler as etiquetas, saber a origem do alimento, quanto de gordura ele contém quanto de sódio etc... 

Apresenta sal ou açúcar incluso? Quais são os principais ingredientes listados?

7) Fique consciente dos seus desejos. Pergunte a si mesmo de onde eles vêm. O que realmente você quer?

8) Quando esta preparando o seu alimento você esta atento. Enquanto está descascando batatas, cortado cenouras você esta totalmente  presente? Tente ficar também consciente de todo o seu corpo e respiração enquanto prepara os alimentos. Procure perceber quais os efeitos desta prática?

9) Olhe para as suas receitas preferidas. Quais ingredientes você precisa para estas receitas? Você tem alternativas mais saudáveis? 

Fonte: KABAT-ZINN, J. Full Catastrophe Living: Using the wisdom of your body and mind to face stress, pain, and illness. New York: Delta, 2005.  467 p. Cap 31.

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